sexta-feira, julho 06, 2007
MPB. Música Pela Beleza
E foi o elo.
E foi o belo.
Melodia, Mart’nália e Gal, nessa ordem, pisaram o palco da enorme concha do mar musical abraçando um projeto de incentivo e divulgação da luta em favor de pessoas que sofrem de distúrbios mentais. O projeto? Loucos Por Música, o nome. Um presente pra as pessoas beneficiadas, para as instituições, e para nós – o público, suplicante lado de cá do palco, embevecido pelas doses homeopáticas de prazer a cada nota, som, encontro musical. Inexplicável. O que dizer de Martnália e Melodia cantando juntos Estácio Holly Estácio ? E Gal e Melodia brincando, entreolhando-se ao som de Pérola Negra? O que dizer de Mart’nália e seu samba com o agudo de Gal em Sonho Meu?
Foi o meu presente antecipado.
quarta-feira, abril 18, 2007
Baía de Todos
o que direi eu
corpo solto no mar desta baía
*Crédito da Foto: Maíra Cronemberger Caffé
segunda-feira, abril 09, 2007
Recomeço
Aqui recomeço essa parte de mim: a poesia. É um redesenho.
Uma dor imensa não poder trazer os comentários. Mas tenho-os na memória do coração.
E vamos à poesia!
sassaricando no ar
deste imenso jardim
deixe assim estar
um minuto, por favor
pare a lâmina na garganta do barbudo
(a barba por fazer)pare a asa mil.movimentos.por.segundo do beija-floros elevadores dos prédios e as correntes das torres
e diga a rapunzel pra não jogar as tranças agora
parem os cambistas a venda ilícita dos ingressos
congelem os cardumes multicoloridos
e a raio do farol da Barra, de Itapuã, do casal que irradia luz de amor
fechem os livros de concursos, de auto-ajuda
a bíblia, os diários, bulas, guardanapos com réstia de álcool,
panfletos, recados, bilhetes,parem a escrita!
Não vêem?!
Nâo vêem vocês que setembro vai passando, acabando,
dizendo adeus
e que só nos resta calar um pouco,
parar um pouco,beijá-lo na facee ler uma poesia, para todos nós, para o mundo?
Vamos todos à forra com a poesia
porque setembro desagua
e só ela, senhora toda dona de setembro - a poesia - saberá como nos salvar até o ano que vem
nos levar até um outro setembro!
Vem, dia
com os braços longos de mar apoiados no corpo
salgado amor de quem espera o novo
cada canto, todo canto, todo canta a claridade tua
Vem, dia
rebolando - tua parte mulher com teu manto enorme azul, pingado de branco, nuvem-algodão-doce
sei que espreitas tua amiga noite por aí em qualquer parte do horizonte, espraia-se,
à espera pra surpreender os amantes com o passar imbatível das horas
Vem dia, senhor dos movimentos da vida alvoraçada das cidades
da manhã ocupada das lavouras
do chorinho do bebê - olhos grandes abertos
Olha, dia, trates logo de aparecer
por essa rachadura aberta do meu peito
que eu queria, ah! como eu queria!,ser o sol, esse teu filho solícito
impetuoso
que verte sobre a humanidade
a alegre carícia dos cabelos dourados
dia
a
dia
*Após "Vem, noite", de Pessoa, na voz cálida e profunda de Autran. Inspiração arrebatadora.
Chuvisco
Cidade mais fria não há.
Você disse que viria.
Eu abri o armário, o peito, os olhos,
forrei a mesa com aquele pano branco rendado.
Acendi velas, fiz jantar,
ajeitei os edredons e botei "Minha vida sem mim" no vídeo.
Mas, ah! cidade, desgraçada a minha espera!
Mas, ah! demônios, você disse que o frio, o frio, imã dos amores!, era o problema que impedia a sua vinda.
Eu não ouvi. Fingi que foi o ônibus que não passou, que alguma enchente
te colocou numa ilha,
fiz de conta até que sua mãe, que mora na Sibéria,
disse que lá estava mais quente que aqui
e você resolveu fazer seu papel de filho
Prostrada, mas com um fio dilacerante de esperança,
coloquei a cadeira de balanço em frente à janela
e torci pra que esse chuvisco, esse chuvisco de nada,
não atrapalhasse a nossa vida.
se peço brilho, como se pede chuva à noitinha,
ela mostra o caminho
ela sabe tocar, chamegar - ser o que se quer
destino do rio da minha vida
mulher
se for campo de ciprestes espinhentos
te quero por pertose for mar de amor completo
te quero aqui dentro
você, que é o tempo das minhas vontades
que é templo das minhas denguices
que é
soberana,
como só você sabe ser
Nosso comemorar de todo mês, docinho.
4 anos e 10 meses.
Um cheiro.
tem aquele do homem com uma capa branca
que, com a mão pequena, dá docinhos para as crianças
e tem aquele outro do macaco zé
que dava gargalhadas e chupava picolé
aquele de estar sempre caindo
dum prédio que toca o azul do céu
que dá frio na barriga
mas perto, pertinho do chão, acaba
(dizem que a pessoa está crescendo!)
e mais aquele
no meio do mar, no meio do tapete que é o mar,
joão conversando com os peixes
glub-glub-glub-glub
tem um montão de sonhos
bons ou ruins
mas eu adoro mesmo,
no seio dessa criança que sou,
é acordar do sonho
e te ter comigo aqui
aí, nesse espaço de te olhar,
quando realidade e sonho dão as mãos,
velar a tua alma e o que mais vier no teu son(h)o.
*expressão que roubei do [porta-palavras] de Rominho.
de repente é como se a pele
tivesse sob si mil lâmpadas brancas
que se acendem em consenso
dizendo: "é noite, é hora"
e a fina pele dos braços
e a parte interna das coxas
e tudo quanto mais é pele no corpo
reivindica ser luz e brilha
trespassa veias, artérias, ossos
e tudo mais humano
e órgãos e pêlos e unhas
incandesce
é nessa hora, quando a noite vira criança,
que me ponho em forma de concha
e luo